Cromo de Eduardo Lopes dos caramelos da Confeitaria Vitória do Porto (anos 40) |
Hoje, dia 23 de Setembro, faz 72 anos que Eduardo Lopes venceu o Circuito do Livramento em Portugal.
Atendemos à crónica de Gil Moreira sobre a prova, inserida na revista Stadium.
CICLISMO
Eduardo Lopes
em bom retôrno de forma ganhou a corrida do Livramento
São sempre dignas de aplauso as iniciativas postas de pé, desinteressadamente, com o fim de movimentar o ciclismo de competição. É todavia necessário que o trabalho desenvolvido seja orientado técnicamente por quem conheça os meandros da velocipedia, a fim de se evitar a repetição de provas como as organizadas no domingo, no Livramento. Nunca deviam ter sido aprovados os regulamentos de uma corrida de semelhante quilometragem a disputar em percurso de piso tão mau e sinuoso. Compreendemos a boa vontade dos organizadores e até o sacrifício feito para promover semelhante prova. Mas as suas intenções falharam porque não houve quem os elucidasse que as corridas em circuito, muito longas, tornam-se monótonas; as desistências, neste caso, são frequentes, e, no conjunto, o espectáculo perde sempre interêsse. Foi pena que tal sucedesse, atendendo à maneira como se lutou e ao brio demonstrado por alguns corredores. Se a prova tivesse apenas uns 70 quilómetros, belo espectáculo desportivo haveria que assinalar. Eduardo Lopes, o vencedor incontestável da prova, voltou à liça em plena forma, pujante e combativo. Respondeu da melhor maneira aos ataques de Driss; perseguiu confiante para anular atrasos motivados por avarias - e no final venceu nitidamente. Aristides Martins, embora menos brilhante que no Sobral e em dia de sorte, porque foi o único nos homens da frente que não «furou», classificou-se em segundo lugar depois de uma prova regular, à frente do pequeno Rocha. Este corredor, que reapareceu após um mês de inactividade forçada, teve um final de corrida excelente, sendo o mais combativo de todos. Driss, que viu fugir-lhe o segundo lugar por motivo de «furo» no último quilómetro, mostrou-se fogoso, sobretudo quando tentou isolar-se - tentativa anulada por Lopes e Aristides - e a «recolar» após um primeiro «furo». Pais Cabral, David Silva e Túlio, embora atrasados e acusando a «dureza» da competição, concluíram corajosamente, não movidos pelo interêsse de prémios individuais, mas em cumprimento do dever de classificar a sua equipa. Houve desistências justificadas, pois a alguns corredores esgotaram-se os «boyaux». Neste caso estão Albuquerque, Faísca, Quadros, êste cedendo a própria bicicleta, José Ferreira e Guilherme Jacinto. Verificaram-se, no entanto, outros abandonos, como o de Jorge Pereira, que não se compreendem. Podem as razões apresentadas servir-lhes de justificação. Desportivamente, porém, não podem ser aceites, muito menos quando se trata de atletas que têm deveres a cumprir para as colectividades que lhes pagam. Já aqui o temos dito e de novo o afirmamos.
GIL MOREIRA
Fonte: Revista Stadium n.147 de 26 de Setembro de 1945
Por Eduardo Cunha Lopes
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