domingo, 30 de agosto de 2020

Efeméride e recordações da Volta a Portugal de 1964, ganha por Joaquim Leão, do FC Porto


A 30 de agosto, em 1964, chegava ao fim a Volta a Portugal, na tarde desse domingo, na conclusão da última etapa da 27ª edição da Grandíssima Portuguesa. 

Enquanto este ano de 2020 não chegou ainda a Volta a Portugal em bicicleta, atrasada devido às restrições oficiais derivadas da pandemia do Covid-19 e que em princípio terá edição especial proximamente (entre finais de setembro até ao início de outubro), estão em banho maria as atenções que costumam alargar raios de ação pela prova rainha do desporto dos pedais.


Entretanto, na proximidade e sobretudo pela pertinência, na calha da efeméride de uma das Voltas a Portugal mais populares, evoca-se aqui e agora desta feita a Volta a Portugal de 1964, ganha por Joaquim Leão do FC Porto, clube igualmente triunfador por equipas na mesma prova.


= Equipa do FC Porto que venceu a Volta de 1964 individual e coletivamemte, terminando com todos os 8 ciclistas com que começou a prova, os que era legalmente permitido inscrever. Aqui, no instantâneo fotográfico, num momento da volta de honra à pista de Alvalade onde terminou a última etapa, com o treinador Onofre Tavares a comandar o esquadrão valoroso.

Com efeito, a 30 de agosto de 1964 concluiu-se essa edição da Volta, a então 27ª Volta a Portugal. Com Joaquim Leão a erguer o braço de triunfo final ao chegar ao risco branco da meta, na pista do estádio de Alvalade, em Lisboa.


Vem assim a talhe, não de foice mas de bicicleta de corrida, a evocação dessa vitória .


Como nota de enquadramento, pode rever-se o que sobre essa mesma prova ficou narrado no livro “História da Volta”, de Guita Junior, que ilustra algo, apesar de conter diversas incorreções (tendo essa obra infelizmente enganos que têm induzido em erro outras publicações).



Iniciada a 14 de agosto, desse ano de 1964, a Grandíssima Volta Portuguesa foi para a estrada pela 27ª vez, até aí. Tendo no decurso da mesma sido estabelecido novo recorde, em sinal de como foi disputada e resultou em autêntico sucesso, à medida do entusiasmo popular gerado.


Para uma visão eslarecedora, o resumo da corrida está deveras bem ilustrado em esclarecedores figurações patentes no álbum de banda desenhada “OS HERÓIS DA ESTRADA”, de 1986, edição dos jornais O Jogo e Jornal de Notícias.


Com efeito, foi todo um bom trabalho de equipa que ajudou à vitória do grande ciclista, em tamanho e valor. Com os interesses coletivos a sobreporem-se às possibilidades individuais de cada um dos oito ciclistas que começaram e acabaram a Volta na equipa do FC Porto. Tendo um dos exemplos acontecido na etapa em que Joaquim Leão alcançou a liderança da classificação geral. Conforme sucedeu com Ernesto Coelho, que ia então classificado em 4º da Geral, com possibilidades de ficar no pódio final, mas, tendo sofrido um furo e ficado para trás à espera de assistência, foi sacrificado por isso ter acontecido na ocasião em que Joaquim Leão devia atacar, lançando-se em busca do primeiro posto. Pois o técnico Onofre Tavares teve de deixar o pupilo que se atrasara momentaneamente, optando naturalmente pela melhor posição do que ia na frente. E no final Ernesto Coelho lá estava ao lado de Joaquim Leão, satisfeito com a vitória do colega – como a foto seguinte é elucidativa.

= Joaquim Leão, com a coroa de louros sobre a camisola amarela de vencedor da Volta, em momento de saudação vitoriosa, tendo o colega de equipa Ernesto Coelho ao lado.  

Essa Volta foi mesmo deveras empolgante, estando ainda na memória pessoal do autor destas linhas. Tendo  então, jovenzinho ainda em idade escolar do ensino primário, guardado diversas gravuras recortadas de jornais da época. Imagens que são hoje relíquias de estimação pessoal, também. 



Assim sendo, deixa-se a narrativa a cargo de imagens documentais do arquivo pessoal do autor, de recortes e papéis preservados, algo amarelecidos pelo tempo, cujos originais temos guardados, com dobras, anotações pessoais e outras particularidades (fora as iniciais AP que, sempre de forma diversa, apenas colocamos como marca na digitalização). De material capaz de reforçar quão interessante é a história do ciclismo no seio da coletividade azul e branca, como modalidade que, em seus tempos áureos, captou muito entusiasmo e apoio à causa Portista.


Eis aí, então, algumas recordações mais da Volta individualmente conquistada por Joaquim Leão, e coletivamente aumentou o número de triunfos do F C Porto, em 1964. Com registos pessoais já, à feição da época.



Essa imagem icónica, guardada também pessoalmente de recorte da revista Flama, era acompanhada por curiosa descrição de toda a envolvência desse feito de Joaquim Leão.


= Joaquim Leão, com a coroa de louros de trunfo na Volta a Portugal, num dos atos comemorativos com que na época foi homenageado, ladeado pelos seus colegas de equipa Mário Silva e Sousa Cardoso. =

Mais recentemente, a Volta a Portugal de 1964, a Volta de Joaquim Leão, ficou ainda anotada num álbum de autocolantes, com legenda, em curioso formato redondo duma roda de bicicleta, com o título “À Volta da VOLTA a PORTUGAL”, em 2018, do Jornal de Notícias.


Joaquim Leão continuou depois a andar em lugares de destaque nas corridas pelos tempos adiante, como seu palmarés reflete. Com medalhas e faixas de vencedor e campeão que emoldurou num quadro que tinha em lugar de destaque no seu estabelecimento de cafetaria, o seu café no centro de Sobrado, na terra natal. Quadro esse que é visível na imagem cimeira deste artigo, em torno de fotografia dele mesmo com a camisola de vencedor da Volta. Como também se pode ver em captação fotográfica algo recente, ainda em vida.


Passados anos desse cometimento, em sinal da importância dessa Volta ganha, Joaquim Leão foi entrevistado pelo Jornal de Notícias para recordar precisamente tal triunfo.


Tudo também pelo interesse que a Grandíssima desperta. Como aqui se releva, prestando atenções memoriais à Volta portuguesa, por estas alturas em que os ciclistas dão pedaladas de preparação para a maior prova nacional velocipédica.

Pois então, em mais uma corrida pelo tempo, ao sabor da brisa das recordações, erguemos o dorso , na escrita, para recuperação de fôlego desta modalidade que passa a grande parte das terras e às casas das pessoas, para regressar à memorização sobre a importância dada ao ciclismo, esse desporto sobre rodas que tanto engrandece o F C Porto, no caso.


Pois sim. E com isso houve sempre um grande entusiasmo portista pelo ciclismo, visto o F C Porto, entre, pelo menos, finais da década de quarenta até princípios da década de sessenta, ter tido grande predomínio nas corridas oficiais de bicicletas.  Daí o autor destas linhas ter andado a par e passo atento à carreira dos ciclistas de azul e branco vestidos, pelos idos longínquos tempos de infância (de quem recorda estas andanças), quando surgiram as vitórias de Sousa Cardoso e, depois Mário Silva, depois ainda José Pacheco, até que, passado um ano de interregno, se seguiu a Volta a Portugal ganha por Joaquim Leão, esse ciclista grande em tamanho e valor... que muito admiramos, como ciclista da camisola das duas listas azuis das Antas e colega dos nossos ídolos principais dessas épocas, Mário Silva, Sousa Cardoso, Azevedo Maia, Ernesto Coelho, Carlos Carvalho, Joaquim Freitas, José Pinto, Mário Sá, etc..


Assim, no lanço, relembramos a referida entrevista (no JN em 1999) dedicada ao Joaquim Leão, através duma retrospetiva efetuada ao correr dos anos noventa, do século passado, já, a lembrar o grande triunfador individual da Volta a Portugal de 1964.



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Joaquim Leão faleceu a 5 de dezembro de 2018, com 75 anos. Desaparecendo então fisicamente mais um ídolo de nossa infância e dos tempos em que o FC Porto fazia frente ao sistema desportivo nacional por meio do ciclismo…


Joaquim Leão, o tal, que contrariando o nome, deu grandes alegrias ao mundo do clube Dragão.


Joaquim Leão foi um dos quatro ciclistas de Sobrado (Valongo) que venceu a Volta a Portugal em bicicleta (os outros foram Fernando Moreira, Nuno Ribeiro e Rui Vinhas; e todos do FC Porto). Foi em 1964 que o ex-ciclista sobradense venceu a prova rainha em Portugal. No museu do FC Porto está a camisola da vitória com que Joaquim Leão envergava no dia 30 de agosto, quando terminou a Volta.

Nessa altura Joaquim Leão foi recebido como um herói. Como recordava: -“Vim de carro descapotável, desde o alto da Serra até Sobrado... era só gente na estrada. Em Ermesinde, a minha irmã que era freira, colocou-me uma coroa de flores. Aqui em Sobrado era só gente e foi uma festa tão grande como nunca mais se viu. Tenho mesmo muitas saudades desses momentos”.»


= Camisola amarela de vencedor da Volta de 1964, exposta no Museu do FC Porto - com efeitos da passagem do tempo. Um histórico símbolo de que o tempo pode deixar a traça esburacar objetos, mas a estimação histórica mantém-se.

Temos também (expressando em linguagem clássica, o autor deste blogue) uma cassete de vídeo, ainda no formato antigo de imagem, sobre a Volta ganha por Joaquim Leão, que ele próprio oferecera em tempos ao seu antigo colega de equipa Ernesto Coelho, em reconhecimento do mesmo ter sido um dos que mais o ajudaram no trabalho de equipa para essa vitória… e que, por sua vez, o amigo Ernesto Coelho me ofereceu, a mim, autor e gestor deste blogue.

Joaquim Leão com a camisola do clube azul e branco percorreu as estradas do país para inúmeras vitórias durante cerca de uma dezena de anos. Conseguiu vários títulos, nomeadamente seis de campeão nacional de estrada, uma clássica Porto-Lisboa e conquistou outros prémios. Sendo na condição de campeão que esteve na Festa dos Campeões, ao tempo tradicioanl do clube, em 1968. Primeito num repasto festivo, de tarde, na Quinta da Vinha, do Presidente Honorário do FCP Sebastão Ferreura Mendes; e depois num festival noturno no estádio das Antas. Momentos esses registado nas fotos seguintes.

= Pose de um grupo de ciclistas campeões, junto com dirigentes do clube. Vendo-se, entre outros, a seguir aos dois prmeiros da foto... Joaquim Leite, Delfim Santos, Custódio Gomes, o ao tempo vice-presidente Dr. Miguel Pereira, Sebastião F. Mendes, o presidente Pinto de Magalhães, Joaquim Leão, Manuel de Sousa, José Azevedo e José Luís Pacheco.

= Joaquim Leão com a faixa de campeão nacional, entre campeões, na equipa do FC Porto.

Joaquim Leão, anos mais tarde, por alturas em que o FC Porto deixara de ter equipa de ciclismo profissional e manteve durante algum tempo apenas o escalão amador de formação, foi também treinador do clube. E continuou pelos tempos além sempre portista, um bom portista. Merecedor, como é,  de estar sentimentalmente na Memória Portista.

Armando Pinto  -  agosto de 2020    
   
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sábado, 22 de agosto de 2020

Ilustração do Currículo do ciclista campeão Azevedo Maia do FC Porto

 

 

Em homenagem póstuma a Azevedo Maia, ciclista tão admirado pelo autor deste blogue (quão simpatizava com ele na minha infância, como um dos ciclistas que mais gostava quando vencia qualquer coisa pelo FC Porto, ombreando nas minhas expetativas com Sousa Cardoso, Mário Silva, Carlos Carvalho, José Pacheco, Ernesto Coelho, Joaquim Leão, etc.), pelos idos anos da primeira metade da década dos anos 60, no acompanhamento do ciclismo do FC Porto… E depois das crónicas aqui já fixadas anteriormente, em narrativas de evocação, primeiro, e por fim de nota sobre seu falecimento… Eis uma resenha de sua carreira, em sumária galeria do palmarés que alcançou:


Alfredo Azevedo Maia


Nascido a 30-12-1937, em Vilar do Pinheiro, concelho de Vila do Conde, distrito do Porto, Portugal. Falecido a 10 de agosto de 2020, em Argenteil (arredores de Paris), França.


Foi ciclista Profissional do FC Porto (única equipa que representou), de 1955 a 1965.

(De 1955 a 1957 nas categorias jovens e de 1958 a 1965 na categoria superior de Independentes / Profissionais)


Currículo desportivo

de classificações mais importantes, individualmente, com a camisola do FC Porto, também:


- 1958

Em Portugal - 1º na 4ª Etapa do Grande Prémio Vilar.


- 1959

Em França - 3º no Paris - Mantes, Mantes (Ile-de-France).

Em Portugal - 1º na 4ª Etapa da Volta a Portugal, terminada em Tavira. 2º na 13ª Etapa da Volta a Portugal, em Vila do Conde.


- 1960

Em Portugal - 1º no Campeonato Nacional de Ciclo-Cross (Campeão). 1º no Campeonato Nacional de Estrada, Elite (Campeão Nacional de Fundo).

Em Marrocos - Participação no Campeonato do Mundo de Ciclo-Cross. 3º na 4ª Etapa da Volta a Marrocos (Tour du Maroc), Essaouira / Marrakech-Tensift-Al Haouz.



 1961

Em Portugal - 4º no Campeonato Nacional de Estada, no escalão Elite, em Carcavelos (Lisboa). 2º na 1ª Etapa da Volta a Portugal), na cidade do Porto. 1º no Porto – Lisboa. 4º no Circuito de Cartaxo.


- 1962

Em Portugal - 1º na 5ª Etapa da Volta a Portugal, terminada em Beja. Vestiu um dia a Camisola Amarela da Volta a Portugal (tendo alcançado esse posto de melhor da Geral após a etapa Tavira-Évora, ganha pelo seu colega de equipa Ernesto Coelho, tendo ele ficado com o melhor tempo total nessa fase da prova). 4º na Classificação Geral final dessa Volta a Portugal. 4º na 3ª Etapa do Grande Prémio Robbialac, em Tavira. 3º no Campeonato Nacional de Estada, Elite, no Porto. 6º no Porto – Lisboa.



 - 1963

Em França - 1º no “Grand Prix Epernan” e no “Grand Prix Gretz S. Laing”.

Em Portugal - 1º na Classificação Geral (vencedor) da Volta ao Algarve. 10º no Porto – Lisboa. 4º na 13ª Etapa da Volta a Portugal, em Loulé. 4º na Classificação Geral final da Volta a Portugal. 7º no Circuito da Malveira.


- 1965 - 1º na 2ª Etapa da Volta a Portugal, com meta no Porto.



- Coletivamente, na Volta a Portugal, fez parte das vitórias do FC Porto na classificação por equipas nas Voltas de 1958, 1959, 1962 e 1964.



Armando Pinto


= Obs.:  As imagens são do arquivo pessoal ao autor (sendo as coloridas recebidas recentemente através do amigo sr. Ernesto Coelho, captadas fotograficamente pela filha de Azevedo Maia a partir de quadros envidraçados).


AP - agosto de 2020


martes, 11 de agosto de 2020

Falecimento de Azevedo Maia: antigo ciclista Campeão Nacional de Portugal

 

Chegou triste notícia de mais um desaparecimento físico dum despottista de nossa admiração de sempre, um ídolo de infância do autor deste artigo. Tendo falecido, esta segunda-feira, dia 10 de agosto, o antigo ciclista Azevedo Maia, um campeão do FC Porto. Nome a quem já havia sido dedicado um artigo de memorização no blogue "Memória Portista", há tempos.

A notícia chega mesmo de surpresa, pois não estava doente. Foi encontrado sem vida em casa de sua filha, em França. O funeral ocorre na próxima sexta-feira, nos arredores de Paris.

Nesta ocasião. em sua homenagem e como preito de nosso reconhecimento, recordamos o que sobre ele escrevemos no espaço pessoal de Memória Portista, sob título de "Azevedo Maia: Um ciclista "Operário de equipa", de grandes capacidades na história velocipédica lusa e alvi-anil" . 

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Como gotas de suor caídas sobre o guiador da bicicleta de corrida e encharcando a camisola colada ao corpo, na imagem dum ciclista visto aos olhos dos adeptos admiradores de sua heroicidade e por seu esforço ao correr pela representatividade que entusiasma o sentimento comum, saltitam pequenas bagas de recordação de nossos heróis das estradas.

Assim como em gerações antepassadas o Norte do país teve como ídolo das multidões o famoso Fernando Moreira, símbolo do fortalecimento do ciclismo do FC Porto, enquanto no sul já antes havia grande celebridade dos duelos de Trindade, Nicolau, Eduardo Lopes, por exemplo, que em representação de Benfica, Sporting e Iluminante iluminaram as páginas da imprensa da época… de permeio com algum destaque também nuns lados e noutros duns Alberto Raposo, Aniceto Bruno, Onofre Tavares, etc. etc… passando pelos duelos entre Alves Barbosa, Sousa Santos e Ribeiro da Silva, do Sangalhos, FC Porto e Académico, respetivamente… até à geração célebre da hegemonia do ciclismo portista entre finais dos anos cinquentas à primeira metade da década de sessenta, com Sousa Cardoso, Artur Coelho, Carlos Carvalho, Mário Silva, José Pacheco, Mário Sá, Ernesto Coelho, Joaquim Leão, etc. etc… entre tantos e bons ases dos pedais havia também alguns outros que igualmente marcaram bem sua época. Entre os quais se contava Azevedo Maia – o grande ciclista desta vez a evocar, aqui. Como um dos ídolos do adepto que via o FC Porto andar na frente, por esses anos sessentas…

= Panorâmica duma etapa na Volta a Portugal de 1961, sob o calor ardente do verão: «Lá vão eles, os reis da estrada dessa quinzena de Agosto. O sol rebrilha nas cores de umas centenas de camisolas e por toda a parte há milhares de adeptos que os vão saudar»!

Azevedo Maia foi contemporâneo e colega de equipa de nomes consagrados, com os quais emparceirou nas andanças pelas estradas com a camisola azul e branca vestida. Tendo tido por companheiros, entre outros, Sousa Cardoso, Sousa Santos (pai), Alberto Gonçalves Silva, Carlos Carvalho, Alberto Moreira, Armindo Gonçalves, Cerqueda, Emídio Pinto, Carlos Pinheiro, Alberto Cerqueira, Martins de Almeida, Artur Coelho, Veiga da Mota, Joaquim Pereira, Júlio Abreu, Mário Silva, José Pacheco, Mário Sá, Agostinho Brás, Orlando Silva, Ernesto Coelho, Joaquim Leão, Mário Miranda, Joaquim Freitas, José Pinto, etc.

= Equipa do FC Porto na Volta a Portugal de 1961, na inicial etapa na pista das Antas, em "memorável noite de verdadeira gala do ciclismo»!

De nome completo Alfredo Azevedo Maia nasceu em 30 de Dezembro de 1937, na freguesia de Vilar do Pinheiro, concelho de Vila do Conde.


Iniciou a sua carreira no ano de 1955 e finalizou-a no ano de 1965. Representando as equipas do F.C. Porto, em Portugal; e Union Sportive Franco Belge, no estrangeiro. Ganhou diversas provas em Portugal, tendo sido Campeão Nacional em várias classes.

= Curiosidade reportada à antiga importância da "Volta": Um exemplo como ao tempo era seguida popularmente a Volta a Portugal, a pontos de meter mensagens de correspondência. Como no caso referente à Grandíssima de 1959 - conf. Jornal de Notícias de 9 de Agosto de 1959...

Sintomático de sua categoria é o facto de em 1960 ter sido incluído na coleção de fichas dos desportistas nacionais famosos nesse tempo, publicação à época de relevo, qual espécie de cromos com dados curriculares, sob título de Ficheiro "ASES DO DESPORTO".


De seu palmarés resumidamente constam, além de vitórias em Grandes Prémios e outras corridas de âmbito distrital e nacional, sobretudo o título de Campeão Nacional de Ciclocross na categoria de Independentes em 1960, ano em que também representou pela primeira vez a seleção nacional, no caso na Volta a Marrocos, assim como participou no Mundial de Ciclocross. No ano seguinte triunfou na clássica de maior distância e duração que existiu em Portugal, tendo ganho o Porto-Lisboa em 1961.

Enquanto nas participações na prova de maior impacto teve como melhores participações ter sido quarto classificado em dois anos seguidos, quer na Volta a Portugal de 1962, ganha individualmente pelo colega de equipa José Pacheco e por equipas pelo FC Porto, como em 1963, havendo então se cotado como melhor representante do FC Porto na edição desse ano da Grandíssima Portuguesa.

= Referente à Volta de 1963, em que Azevedo Maia foi 4º classificado e o melhor posicionado da equipa do FC Porto. Recorte do Jornal de Notícias de 13/8/63 e caixa do jornal A Bola após o final da mesma Volta a Portugal

Também em 1963 venceu a Volta ao Algarve. De permeio, integrado na Seleção Nacional participou em 2 (duas) Voltas a Marrocos. Em França ganhou a 4ª Etapa no “Ronde de Flandres” e ganhou o “Grand Prix Epernan” e o “Grand Prix Gretz S. Laing”.

Pormenorizando: Iniciada a sua carreira então em 1955, teve primeira vitória como integrante da equipa principal do FC Porto em 1958, época em que também correu pela primeira vez na Volta a Portugal. Enquanto em 1960 foi Campeão Nacional de Ciclocross e em 1961 venceu o Porto-Lisboa. Na soma duma boa folha curricular.


Assim, em 1958 venceu uma etapa do Grande Prémio Vilar, prova do calendário do ciclismo nacional e participou pela primeira vez na Volta a Portugal. Depois em 1959 foi 3º em França no Paris-Mantes (Ile-de-France). Seguindo-se sua estreia vitoriosa na Volta a Portugal de 1959, em cujo decurso venceu uma etapa, entre Portimão-Tavira.

Em 1960 foi Campeão Nacional de Ciclocross e participou no Campeonato do Mundo de Ciclocross. Tendo então o FC Porto ganho os campeonatos de Ciclocross em todas as categorias, entre as quais em Independentes o vencedor foi Azevedo Maia. Ao passo que no mesmo ano Azevedo Maia foi também 1º no Campeonato Nacional de Estrada, Elite (vulgo campeonato de Fundo); e classificou-se em 3º numa etapa da Volta a Marrocos (Tour du Maroc), em Essaouira (Marrakech-Tensift-Al, Haouz). Volvido um ano, em 1961, além de algumas boas classificações noutras provas, foi 1º no Porto-Lisboa, vencendo essa grande clássica portuguesa. E ajudou o colega de equipa Sousa Cardoso a vencer a Volta a Portugal, em renhido despique com os adversários.


Seguiu-se em 1962 ter sido 1º em mais uma etapa da Volta a Portugal), tendo Azevedo Maia vencido a tirada Cacilhas-Beja.

Poucos dias depois Azevedo Maia chegou mesmo a vestir a camisola amarela de primeiro da Volta. O que aconteceu ao fim da etapa terminada em Évora, após ligação de Tavira-Évora, ganha pelo portista Ernesto Coelho, com Azevedo Maia a somar o melhor tempo geral e como tal havendo vestido a simbólica camisola de lider, que ostentou na seguinte etapa entre Vila Viçosa e Portalegre, (que foi de contra-relógio, tendo José Pacheco amealhado tempo que lhe deu para voltar a vestir ele a amarela).


Era então tão valoroso todo o grupo da equipa do FC Porto, por esses tempos de forte supremacia portista na caravana das provas do ciclismo português, sendo todos bons, afinal, como se dizia, que qualquer um podia ganhar fosse o que fosse; e, por isso, todos faziam o trabalho da equipa, em prol do coletivo e para quem calhasse de estar melhor posicionado na tabela classificativa.

Desse tempo ilustra-se bem as ocorrências com imagens de pranchas desenhadas, através do álbum de banda desenhada "Heróis da Estrada"...


Nessa Volta, em que ajudou o colega José Pacheco a ter ficado em 1º da Classificação Geral e como assim sagrado vencedor individual, tal como contribuindo para a vitória coletiva da equipa do FC Porto, Azevedo Maia classificou-se em 4º na Geral final.


Após isso no ano seguinte venceu uma importante prova nacional, havendo sido 1º na Classificação Geral da Volta ao Algarve, em 1963. Ano em que voltou a ser 4º na Classificação Geral final da Portugal, inclusive como melhor classificado do FC Porto (nessa Volta ganha por João Roque do Sporting). Até que em 1965 venceu mais uma etapa na Volta a Portugal, num dia inesquecível dessa maior corrida portuguesa, ao triunfar na etapa Leiria-Porto, perante o delírio dos adeptos portistas na chegada à cidade Invicta. Seria então a sua despedida, pois, aproveitando passagem imediata da Volta a Portugal para lá da fronteira, entrada a Volta portuguesa pela Galiza dentro (em tempo da ditadura do Estado Novo e dificuldades de passagem para fora do país) Azevedo Maia resolveu dar outro destino a sua vida… embora tendo de desistir da sua participação na Volta a Portugal. 


Havendo então decidido emigrar, tendo seguido para França onde se radicou durante alguns anos.

Em resumo também de seu currículo desportivo em Portugal, Azevedo Maia contribuiu para as vitórias da equipa do FC Porto nos triunfos coletivos nas Voltas a Portugal, na classificação por equipas em 1958, 1959 e 1962.


Iniciada a carreira em 1955, nos escalões jovens, e entrado na alta-roda do ciclismo em 1958, terminou a carreira em Portugal em 1965.


Filho de Joaquim Pereira Maia e Ana Carvalho de Azevedo, Alfredo de Azevedo Maia nasceu em Vilar do Pinheiro a 30 de Dezembro de 1937, curiosamente dois dias depois do atual presidente do FC Porto (havendo Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa nascido a 28 desse mesmo último mês do igualmente mesmo ano). Estando atualmente ainda um e outro rijos na sua vivência: - um como fruto de seu exercício físico sobre a bicicleta, a dar aos pedais; e outro pelo seu desempenho como portista a exercitar seu grande trabalho em prol do FC Porto.

(Azevedo Maia é conterrâneo, pela naturalidade do mesmo concelho, de um outro ciclista de renome portista, o também vilacondense Gabriel Azevedo, sendo ambos vizinhos em posicionamento de freguesias do mesmo concelho e velhos amigos pela ligação ao ciclismo. Assim como é grande amigo do antigo colega de equipa Ernesto Coelho, através do qual o autor destas linhas teve acesso a alguns jornais da coleção particular de Azevedo Maia, embora a maior parte do que aqui se conseguiu exprimir seja do arquivo pessoal do autor.)


Azevedo Maia é pois nome saliente do historial do ciclismo do FC Porto e da própria modalidade em Portugal. Sendo aos olhos da memória do autor destas linhas, sobretudo, o vencedor da etapa terminada na cidade do Porto na Volta de 1965, pessoalmente ouvida pelo relato radiofónico com grande entusiasmo, tendo aquela vitória sido deveras bem sentida no ânimo dum adepto que estava ainda numa idade infante (e como tal muito pequeno aquando das anteriores vitórias), sendo a ocasião desse sprint vitorioso em tempo de férias grandes da fase escolar desse jovem já com memória, a bem dizer… e a gostar já muito de quando alguém ganhava pelo FC Porto.

Eis assim uma homenagem evocativa desse senhor do ciclismo, Azevedo Maia. Um ciclista "Operário de equipa", dotado de grandes capacidades e nome referencial na história velocipédica lusa e alvi-anil, na modalidade das bicicletas de corrida em Portugal e no FC Porto.

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Entretanto, faleceu esta segunda-feira, dia 10 de agosto de 2020. 
O tempo corre, também.
Que descanse em paz!

Armando Pinto - 11 de agosto de 2020

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